30 de setembro de 2007

Prosa Hermética 14

Decomposição, caverna, cegueira, trilhos. O leito está vazio. No peito só o movimento automático da respiração. Perto e aquém. Área cômoda. Inanição. Aonde ir? Aonde me levar? Procurar... Ponto, vírgula e mais e mais sintagmas. Um pouco de caos. Só caos e vício. Negação. Inanição. Crie frases e esqueça a vida. Trilhos. Esta foto não sou eu. Este nome não é meu... Eu não sou estes dois. Original em decomposição. Sem eixo. Pedra e robô. Não são apenas medos... "É" máscara abaixo deste respirar artificial. Ar. Apenas ar e rabiscos. Falta luz. São infinitas as paredes na caverna particular. Sem iluminação. Apenas o oxigênio automatizante. Paciência é contaminação. Doente, febril e cego. Sem correção, cego. Trancado, calado, sozinho, sem luz... Reticente e repetitivo. Decomposição ao redor e dentro.

Um comentário:

Marcela disse...

Uma pessoa que se debate e se revolta com a própria fragilidade. Alguém que se sente aprisionado dentro do próprio corpo, que "assiste" à vida como se não fizesse parte do elenco, que grita "Eu não pertenço a este lugar..." . Os robôs são manipulados e as pedras chutadas.
Mas o caos não é a teoria que explica o funcionamento de sistemas complexos? Teria sido originado esse caos pelo efeito borboleta? E nesse caso de "quem" seriam as asas que ao bater causaram tal reação? Mais do que decomposição eu diria um ser em construção.