13 de maio de 2007

Prosa Hermética 10

Íntimo e pessoal:
Ando mal humorado. Eu não gosto disso.
Na verdade eu sou um manipulador. E tudo que gera alguma dúvida, tudo que não está no “controle”...
Eu não gosto de pisar em falso, de abrir a guarda, de sentir-me dominado, aprisionado...
Eu gosto de ter pra onde ir.
Pisei em falso, caí no buraco e não sei o que fazer.
Merda! Deveria ser mais fácil.
Se não posso manipular minhas reações químicas, psíquicas e metafísicas... Qual a graça da piada?
Desapego da alma. Joga fora, passa no triturador.
E isso é tão clichê. Jogar fora e manter dentro. O inatingível é ridículo. Mas o ridículo, mais uma vez, me atingiu.
É um prato quebrado, é um soco na cara. Quem mandou abrir a guarda.
E eu sou tão firme que já estou querendo jogar a toalha. O oponente é mais forte, tem um melhor jogo de pernas e um cruzado indefensável. Mas de qualquer forma, eu abri a guarda. Agora é cuspir sangue, re-implantar dentes.
Como posso chegar aos outros se estou limitado a este que nem ao menos domino bem? Leitor d’eu. Único e pra ninguém. É hermético porque é falso. Não comunica nem quando grita, nem quando sangra, nem quando desespera. Um viva aos números, eles que não representam nada aqui, dentro de mim. Esta é apenas a décima, o número dez. Mas a matemática não me dá respostas. Só me deixa mais confuso.
Desapego da lama. Desapega, abandona, vai adiante... Adiante tem mais daquilo que foi deixado para trás. Apego ao caos.

2 comentários:

Táta disse...

Eu estou aqui.

Bárbara (B.) disse...

É, meu caro, quem manda gostar de tempestades? rs