6 de dezembro de 2006

Prosa hermética 3

Não é pessoal. Nada é pessoal. Impessoal foi.
Cansei de utopias, não quero mais salvar o mundo, quero apenas me divertir esta noite – nem que pra isso seja preciso salvar o mundo.
As frases feitas e edificantes desmoronaram. Nada se sustenta por tempo suficiente.
O cinema mentiu.
Porém nós queremos mentiras. Quanto melhor a mentira maior a satisfação.
Qualquer definição metafórica e previsão de felicidade ideal nos distraem da realidade.
Distraídos tropeçam, caem, quebram a cara, levantam e se distraem novamente. É o vicio da queda. Teoria da boa derrota e dependência da dor. Mas afinal, estamos todos esperando a próxima queda?
Ninguém lhe dá asas por muito tempo.
Vicio da queda.

Um comentário:

Marcela disse...

Verdade? Às vezes é mais fácil e menos sofrido se deixar levar pela correnteza do que do que remar contra.
Por que às vezes pensamos tão diferente e agimos tão igual aos demais?
Proteção? Oportunismo? Medo de ser excluído?
É verdade... quase todos preferem a mentira, quase todos... a explicação é um clichezinho muito simples: a verdade dói. Sinceridade fere.
A mentira, é que não se sustenta por tempo suficiente e ainda assim a maioria a prefere.
Mas ser verdadeiro, transparente, dói, machuca.. mas ainda machuca menos do que nos depararmos repentinamente com a verdade "nua e crua" (mais um clichê para a coleção). Então chega... deve-se respeitar a verdade de cada um, mesmo não aceitando. Difícil né?